quarta-feira, 30 de abril de 2008

Debate com o Activismo de Sofá (III)

Continuando o debate com o autor do Activismo de Sofá sobre a viabilidade e o interesse da criação da disciplina de ciência política, optei por tentar sintetizar, ao máximo, os argumentos para que o texto se adapte ao ambiente comunicacional de um blogue:

1 – Em relação à integração, na disciplina de história, de temáticas como o constitucionalismo liberal, os direitos do homem e do cidadão, as ideologias políticas, os regimes políticos democráticos e não democráticos, os sistemas de governo na actualidade ou o sistema político em Portugal, não vejo qual é a dúvida que se possa ter nesta matéria. Sou professor de história do ensino básico e secundário e levo quase vinte anos leccionando estas temáticas. Aliás, considero que é no contexto da evolução histórica das sociedades humanas que se deve integrar, para se tornarem globalmente mais inteligíveis, a aprendizagem destas temáticas. Exactamente o oposto do que defende, que mais não é que a tal abertura de trincheiras disciplinares de que falei no post anterior;

2- Reitero a minha desconfiança em relação ao perigo de instrumentalização, por parte dos poderes de que lhe falei, de uma disciplina com estas características. Quem conhece a sociedade portuguesa e a classe política local sabe que este perigo é bem real. Todo o sistema é permeável, mas no caso da disciplina de ciência política os riscos – e os efeitos – são, devido ao seu objecto de estudo, muito maiores. Para lhe dar um exemplo concreto posso dizer-lhe abertamente – note que sou Presidente do Conselho Executivo da minha Escola e que corro alguns riscos com este género de denúncias – que considero que o actual Governo Açoriano não preenche muitas das condições exigíveis a um executivo democrático. Poupo-lhe os argumentos que fundamentam esta afirmação, uma vez que a descrição dos mesmos está abundantemente documentada no meu blogue.

No próximo post conto apresentar-lhe o conjunto de medidas que considero adequadas para combater o desinteresse dos jovens – e da sociedade em geral – pela política. Tem razão quando refere que fui demasiado vago na abordagem a esta questão.

Vou explicar-lhe o que entendo por uma nova atitude em relação à vida cívica e descrever-lhe as acções concretas que julgo adequadas para alterar o actual estado de coisas. No entanto, não quero parecer pretensioso ou utópico nesta questão. A importância do que penso, represento ou do que posso fazer enquanto dirigente de um pequeno partido é marginal. Sei disso.