terça-feira, 27 de maio de 2008

Políticos de Plástico


Tinha previsto, para hoje, um post mais sério sobre a actualidade política regional. No entanto, os socialistas não deixam que isto se transforme num debate sério. Não consigo deixar de comentar as sucessivas alarvidades e atordoadas vociferadas pelos tribunos socialistas que deslizam pela nossa paisagem mediática. Confesso que é mais forte do que eu.

Então não é que o ilustre e eterno poeta da revolução – já só lhe faltam 7 anos para igualar, como insubstituível tribuno da nação, o recorde de Salazar como governante – veio aos Açores dizer que Carlos César não é um socialista de plástico.

Mas que grande novidade “Manel”! Isto aqui não é Taiwan. Aqui usa-se, nestas lides da política, o velhinho pau mágico do Gepeto.

Diz o “Manel” que temos um serviço de saúde exemplarmente socialista. É verdade, sim senhor! Uma obra-prima do Presidente César. Só é possível de observar algo de parecido na sétima arte, nessa inesquecível saga que foi o Titanic. Não tenho dúvidas que a orquestra tocará até ao fim.

Diz ainda o poeta que o homem não tem agência de comunicação. É verdade, sim senhor! Não precisa dela. Para quê pagar algo que se pode ter sem pagar? Então e a RTP/Açores e o resto da comunicação social subsidiada passavam a servir para quê?

Tudo isto se pode observar e sintetizar no âmbito do profundo “humanismo” do estadista e da exemplar exteriorização da “ética republicana socialista”. Está tudo dito!

Desapego em relação ao poder, serviço público exemplar, total desprendimento das vantagens materiais e um imbatível altruísmo. Observo tudo isto no biodegradável socialismo açoriano. É verdade, sim senhor!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Visita Estatutária do Governo Regional à Ilha do Corvo

A única coisa que eu esperava da visita estatutária do executivo regional à ilha do Corvo era a continuação do arraial de propaganda que este Governo montou um pouco por toda a Região.

Depois de quatro anos de absoluta nulidade governativa nesta ilha – e não só – ninguém, no uso das suas faculdades intelectuais, esperaria outro resultado da visita que não um mero e vazio enunciado de intenções para uma legislatura que o PS ainda não conquistou.

No Conselho de Ilha fui o único que enfrentei o Governo Regional a respeito das promessas incumpridas e da falta de investimento em muitas áreas. Os outros conselheiros social-democratas e socialistas – que matam e esfolam tudo e todos no heróico ambiente do café e a sete milhas dos seus potenciais interlocutores – mantiveram-se cuidadosamente caladinhos.

Grande parte do que o Conselho de Ilha reivindicou, nos últimos 4 anos, continuará por resolver ou à espera de “estudos de viabilidade”. Enfim, a habitual miséria franciscana.

O quadro paisagístico foi o de sempre: dezenas de abutres rosados, pançudos e oportunistas realizaram os habituais voos rasantes sobre a ameaça de festim. Bom proveito!

domingo, 25 de maio de 2008

Os Voos para Guantánamo e os Pastorinhos


O Governo da República acaba de reconhecer a passagem pelo espaço aéreo português, entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007, de 56 voos tendo como origem ou destino a base militar norte-americana de Guantánamo (Cuba).

Sobre este assunto vale a pena recordar a seguinte tirada de Carlos César na comunicação social (5 de Janeiro de 2007): “O Presidente do Governo açoriano, Carlos César, afirmou hoje que as recentes declarações da eurodeputada Ana Gomes sobre a escala de voos da CIA na região se limitam a uma questão de fé. É uma posição semelhante à fé em relação à visão dos pastorinhos, ironizou Carlos César, ao afirmar que não presenciou essas aparições no arquipélago.”

Todos sabemos que os americanos fazem o que querem nas Lajes. Que não ligam nenhuma ao Governo da República e ainda menos a um Governo representado por essa incomparável e prestigiadíssima figura da diplomacia internacional que é o Dr. André Bradford.

Nestas circunstâncias, teria sido muito mais avisado o Sr. Carlos César ter mantido a boquinha fechada na santa paz da ignorância. Em vez disso ensaiou uma graçola inconsequente. O que lhe vale é que, na política açoriana, o ridículo não mata.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O Regresso

Uma enorme acumulação de tarefas profissionais e políticas obrigou-me a parar a participação diária que mantinha neste blogue. Espero, a partir de hoje, recomeçar a escrever com a regularidade anterior a esta paragem.

Vou analisar, durante o fim-de-semana, as consequências da visita estatutária do Governo à ilha do Corvo e efectuar uma antevisão dos resultados eleitorais expectáveis para as próximas eleições regionais (incluirá o PS, o PSD, o CDS-PP, a CDU, o BE e o PPM).

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O Desembarque Socialista no Corvo

O Governo Socialista inicia hoje a visita estatutária à ilha do Corvo. O ano passado, num gesto inédito, o Presidente do Governo Regional nem sequer se dignou acompanhar o seu Governo a esta ilha. Utilizou, para justificar o injustificável, uma qualquer desculpa esfarrapada.

Percebo a vergonha e o incómodo. O Governo Regional não fez nada, nesta ilha, ao longo desta legislatura. O seu desempenho foi uma autêntica nulidade. Na cultura, no desporto, nos transportes, nas pescas, na agricultura, na segurança social, no turismo e até no ambiente, a ausência de investimento regional em melhorias foi vergonhoso e ultrajante.

Até as medidas que o Governo fez publicar oitocentas mil vezes na imprensa regional subsidiada, estão, na prática, por implementar. A única coisa que existe na Reserva da Biosfera, por enquanto, é uma enorme lixeira a céu aberto. No que diz respeito à Reserva Natural Regional – criada desde 2006 – aguardam-se novidades.

O Centro de Interpretação Ambiental e Cultural – construção noticiada abundantemente desde a primeira pedra à última telha – foi inaugurado o ano passado. Um ano depois, sem que entretanto nada tenha acontecido, o Governo prepara-se, de acordo com o programa da visita, para apresentar “o projecto conceptual do espaço informativo/expositivo”. Ou seja, não fizeram nada, nesta área, ao longo do último ano.

Não vou perder mais tempo descrevendo a nulidade e a negligência socialista. Seria um desperdício de tempo que eles não merecem.

Então o que vem aqui fazer esta romaria socialista? Nada de especial e o mesmo de sempre: campanha eleitoral para captarem votos que não merecem.

Penso que, desta vez, “No Pasarán”! O Povo está farto destes números de circo e prepara-se para lhes dizer das boas. Eles merecem!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Cimeira Chávez/Sócrates

O nosso Primeiro-Ministro iniciou hoje uma viagem de rapina à Venezuela. O objectivo é o petróleo venezuelano que o ditador do país está pronto a dar a quem apoiar o seu regime autocrático.

O regime de Hugo Chávez é uma tirania populista que, apesar de contar com uma das maiores reservas mundiais de petróleo, submete a sua população a índices de pobreza e criminalidade crescentes.

No entanto, para o nosso Primeiro-Ministro socialista os direitos humanos e a liberdade de imprensa são apenas bons princípios retóricos.

Para ele o importante é integrar Portugal, em troca de uns barris de petróleo, na esfera de influência chavista, lado a lado com os inenarráveis regimes da Nicarágua, do Equador e da Bolívia.

A mim, dada a universalidade da blogosfera, só me resta fornecer a seguinte informação (pode ser que pegue):

Mañana, un tipo que corre al ritmo de la tortuga, que posee un nombre que es la antítesis de sus méritos intelectuales y que habla un español ridículo, deberá realizar un jogging en la principal arteria de Caracas.

PS: No es de prever que esta “mercancía” pueda alcanzar un valor excesivo en una futura transación, una vez que el PSD puso en el paro su novia.

PS (2): Mucho cuidado, una vez que este personaje puede venir a revelarse un “animal feroz”.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Impunidade


O PS, o PSD e o CDS/PP continuam a não ter coragem de enfrentar o problema do aumento da criminalidade na Região Autónoma dos Açores. Promovem soluções de recurso como a criação de órgãos de coordenação, a promoção de polícias municipais ou a reivindicação de funções de tutela sobre a PSP.

Nada disto resolve a raiz do problema que reside no seguinte trinómio: falta de efectivos policiais, penas demasiado leves para os criminosos (o que origina um sentimento de impunidade nos facínoras) e o fracasso das políticas sociais do PS-A.

Desde o ano 2000 que defendo a criação de uma Polícia Regional Açoriana, directamente tutelada pelo Governo Regional. Temos de resolver um problema que o Governo da República não consegue resolver (essencialmente porque não quer gastar mais dinheiro na Região).

Temos, igualmente, de reivindicar as alterações constitucionais necessárias para podermos criar um Código Penal próprio. Este deverá ser muito menos burocrático e implacável com todo o género de criminalidade.

Finalmente, temos de alterar a política da esmola socialista por verdadeiras políticas sociais de inclusão que promovam a criação de emprego, a igualdade de oportunidades e a qualificação das populações.

Nenhum destes partidos possui qualquer solução real para o problema da criminalidade. Todo este ruído não esconde o problema essencial. Queremos, ou não, importar o modelo de crescimento da criminalidade do território continental do país? Se a resposta for não, a única opção é tratarmos nós próprios da questão.

Se, pelo contrário, a solução for esperar pelo Governo da República podem começar a comprar o gradeamento para as vivendas porque a situação, nos próximos anos, só tenderá a agravar-se.

domingo, 11 de maio de 2008

Os Frutos da Recandidatura de Carlos César


O actual Presidente do Governo Regional é alguém que faltou à verdade, de forma reiterada, em assuntos de âmbito político. Não cumpriu, em muitos aspectos, o seu programa eleitoral e agarrou-se ao poder quando tinha prometido não o fazer.

Só seria novamente candidato em circunstâncias muito especiais para os Açores, dizia ele depois da reeleição de 2004 (depois de já ter faltado ao seu compromisso de 1996, que consistia em não realizar mais que dois mandatos como Presidente do Governo).

As circunstâncias especiais não surgiram, mas o Presidente do Governo Regional desejava continuar a sê-lo. Para ultrapassar esta burla eleitoral, o Sr. Carlos César encenou um conflito com o Governo da República.

De acordo com o roteiro da encenação, o Governo da República teria de ceder em questões importantes para os Açores para que Carlos César, um político proverbialmente desprendido, voluntarista e generoso, aceitasse o enorme sacrifício de se voltar a candidatar.

Foi um José Sócrates em desespero – não vi, mas contaram-me os cronistas socialistas de serviço – que mendigou a sua continuidade. Não consegui ouvir nada da boca do Primeiro-Ministro, mas lembro-me de ter escutado o Carlos César afirmar que lhe teriam sido garantidos novos meios de coordenação e mando na área da segurança.

A nova lei da Segurança Interna – que não reforça em nada o papel do Governo Regional – é apenas o primeiro sinal do enorme embuste desta encenação. O pior é que - prevejo - as outras patranhas do candidato não tardarão a ser desmascaradas (fiquem atentos ao resultado final da discussão do Estatuto e aos bolsos cheios do candidato).

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Delegação do Corvo da Assembleia Regional da RAA

O antigo Presidente da Assembleia Regional, Dr. Dionísio de Sousa, refere hoje – a propósito da reforma da Assembleia Regional – no seu blogue “O Vent(ilha)dor” isto: “Antes, estávamos apenas na Horta e em mais oito delegações espalhadas pelas ilhas, hoje estamos em mais duas "ilhas", nas chamadas telefónicas de custo zero e na Internet.”

Lamento desiludi-lo, mas – apesar de estar estatutariamente prevista a instalação de uma Delegação da Assembleia Regional em cada ilha – o Corvo continua a não possuir delegação, tal como já sucedia no seu tempo. Um autêntico escândalo quando se fala em aumentos nos salários dos deputados. Os faxes e os telefones da Assembleia estão instalados na casa dos deputados e não existe qualquer espaço institucional onde os mesmos possam desempenhar as suas funções (estes, diga-se em abono da verdade, também não são de dar muito uso à caneta).

Apresentei, na Assembleia Municipal do Corvo, no dia 27 de Dezembro de 2005, algo que os sucessivos deputados do Corvo nunca se deram ao trabalho de redigir: uma moção a exigir o cumprimento do Estatuto e o fim de mais esta discriminação.

O Presidente da Assembleia Regional respondeu, de forma muito diligente, que “o assunto se estava a ultimar”. Três anos depois, continuamos a aguardar o desenlace inicial da “ultimação”. Se eu for eleito em Outubro vamos ter muitos problemas com este assunto. Não vou admitir que os deputados do Corvo continuem a ser tratados como uns desgraçadinhos e uns rufias iletrados. A dita brincadeira vai acabar.

Para memória futura, aqui fica o texto da Moção, apresentada pelo PPM-A, sobre a Delegação do Corvo da Assembleia Regional da RAA:

1. Considerando que o Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma dos Açores estabelece no n.º1 do artigo 4º a existência de delegações da Assembleia Regional em todas ilhas, com excepção da ilha do Faial onde a mesma possui a sua sede;

2. Considerando que, nas restantes ilhas, as delegações da Assembleia já se encontram instaladas;

3. Considerando que as delegações da Assembleia Regional possuem uma importância fundamental – quando dotadas das melhores condições logísticas, técnicas e de proximidade junto dos cidadãos das diversas ilhas da Região – para o exercício das competências atribuídas na Constituição e no Estatuto à Assembleia Regional e aos seus deputados;

4. Considerando que a inexistência da delegação do Corvo da Assembleia Regional coloca os deputados, residentes nesta ilha, num plano de efectiva desigualdade material perante os seus congéneres das outras ilhas, situação grave na medida em que são conhecidas as graves limitações que esta ilha possui em diversas áreas socio-económicas e a opacidade da sua representação no plano político-institucional na Região;

5. Considerando que o incumprimento do Estatuto, numa matéria da responsabilidade da Assembleia Regional – justamente garante do seu cumprimento –, constitui um péssimo exemplo e um precedente muito grave para o normal funcionamento do nosso sistema político-legal.

O Grupo Municipal do PPM propõe que a Assembleia Municipal, na sua reunião de 27 de Dezembro de 2005, decida:

1. Solicitar à Assembleia Regional dos Açores que, no âmbito das funções que lhe estão consignadas na alínea a) do artigo 32º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, promova o rápido cumprimento do n.º1 do artigo 4º do mesmo, no que se refere à instalação da delegação da Assembleia Regional na ilha do Corvo;

2. Recomendar à Assembleia Regional da Região Autónoma dos Açores que a futura delegação do Corvo possua condições – espaço físico, equipamento e pessoal – condizentes com a alta dignidade que devem possuir as delegações de ilha da Assembleia;

3. Remeter esta moção à Mesa da Assembleia Regional da Região Autónoma dos Açores, com conhecimento a todos os Grupos e Representações Parlamentares;

4. Publicar esta moção num jornal diário de grande tiragem na Região.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Assembleia Municipal Jovem

A semana passada discuti, com o autor do blogue “Activismo de Sofá”, o problema do alegado desinteresse da juventude pela política.

Neste contexto, recordo agora a iniciativa que apresentei, no dia 27 de Dezembro de 2005, na Assembleia Municipal do Corvo. Escusado será dizer que a mesma foi inviabilizada, na prática, pela maioria socialista na Câmara Municipal.


Considerando que os objectivos prioritários em matéria de juventude são, no âmbito do desenvolvimento da personalidade dos jovens, a criação de condições para a sua efectiva integração na vida activa, o gosto pela criação livre e o sentido de serviço à comunidade;

Considerando que é notoriamente visível algum afastamento dos jovens no que concerne à participação na vida cívica da sua comunidade;

Considerando que a grande aposta do futuro está na formação e transmissão dos valores e das práticas democráticas aos jovens para que estes possam exercer uma cidadania informada, activa e responsável;

Considerando que a acção deste Município se deverá pautar também pela promoção de eventos de âmbito cultural e educacional;

Considerando que é com a realização de actividades de formação para a cidadania dos jovens que estes desenvolvem uma cidadania plena, onde os direitos e deveres de cidadão sejam entendidos como valores de uma sociedade mais justa e mais solidária, contribuindo assim para o futuro da sua comunidade;

Considerando que o Parlamento Europeu, a Assembleia da República, o Parlamento Regional e várias Assembleias Municipais do país realizam, com apreciável sucesso, actividades desta natureza.


O Grupo Municipal do PPM propõe a realização de uma Assembleia Municipal Jovem, a ser realizada todos os anos, no mês de Junho, de forma a promover a formação cívica dos jovens perspectivando a aprendizagem do exercício pleno da cidadania.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Deserção do Dr. André Bradford

O Dr. André Bradford decidiu abandonar a blogosfera açoriana. Lamento o facto.

O autor de “Um Blog Tipo Assim,” era uma verdadeira bênção para a oposição açoriana. O seu dogmatismo estalinista, a vacuidade do seu pensamento e a sua irresistível propensão para o tiro no pé constituíam um autêntico maná para todos nós.

Percebo que, nesta altura do campeonato, já não lhe restariam demasiados dedos nos pés. Isto representa, para além de uma deserção vergonhosa (com dedos ou sem dedos, os homens devem morrer de pé), uma maldade inqualificável do PS-Açores.

Assim, de facto, começa a tornar-se impossível ganhar estas eleições. Censuraram-me na RTP-A e agora privam-me da presença do Dr. André Bradford na blogosfera.

Enfim, resta-me classificar este facto como um inqualificável acto de batota por parte do PS-A. Desde já deixo registada a minha retaliação: se o Dr. André Bradford não regressar ao nosso convívio, juro que nós, a oposição, retiraremos o Dr. Costa Neves.

Vamos ver se, perante a perspectiva de provarem o sabor do seu próprio veneno, os estrategas do PS-A não recuam. Se isso não for suficiente para os assustar, prometo que irei lançar ao PS o terrível desafio de diferenciarem o discurso proferido pelo Dr. Bradford no último Congresso do PS-A, das alegações finais da Miss Paraguai no último certame mundial da especialidade.

Impossível? Aviso já que não faço por menos!

sábado, 3 de maio de 2008

A Convenção Autárquica

Só na última quarta-feira é que me apercebi que o PSD realizou a sua Convenção Autárquica na ilha do Corvo. A sala da reunião estava “cheia” com 8 militantes do Partido.

O que terão discutido eles? As propostas apresentadas pelos três representantes do PSD nos órgãos autárquicos? Neste ponto penso que devem ter passado à frente, uma vez que estes, em três anos, não apresentaram nenhuma (nenhuma, não é engano).

A oposição feita ao PS na Câmara do Corvo? Também não foi este o assunto, uma vez que o PSD suporta a maioria do PS na Assembleia e na Câmara Municipal.

O desempenho do deputado do PSD pela ilha do Corvo? Neste item, mesmo somando 16 anos de assinaturas de folhas de presença, não tenho dúvidas que passaram à frente.

Então o que é se discutiu na reunião? Nada vezes nada! Limitaram-se a reproduzir algumas das propostas e críticas já apresentadas, nos órgãos municipais e na comunicação social, pelo PPM-A. Depois deste ridículo, Costa Neves abandonou a ilha, sem honra nem glória, rodeado da mesma clandestinidade com que chegou.

Ao que chegou o PSD-A! É evidente que lamento tudo isto, na medida em que faz falta um PSD-A forte para impedir as sucessivas maiorias absolutas do PS-A.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ideias para Reactivar o Interesse pela Política

Tal como o prometido, aqui deixo algumas ideias sobre a forma de superar o desinteresse dos jovens, e da sociedade em geral, pela política (o último texto do “Activismo de Sofá” demonstra, de forma modelar, como o “estudo” foi, apesar de tudo, analisado de forma muito desequilibrado).

O problema, no entanto, existe. A abstenção crescente nos actos eleitorais, a degradação da qualidade média dos políticos e a diminuição do activismo político é bem real. De tal forma, que os políticos já nem têm multidões para assinalar vitórias eleitorais importantes, como a conquista da Câmara de Lisboa (o PS foi buscar a “multidão”, para o comício da vitória, aos concelhos alentejanos).

Nós, portugueses, somos óptimos no diagnóstico dos nossos defeitos. Não vale a pena perder tempo a descrever as causas deste estado de coisas. Deixo isso para os especialistas da catarse nacional. Homens tão optimistas como o Vasco Pulido Valente ou o Pacheco Pereira. Somos a escória da Europa, os piores do Mundo, um Estado falhado. Curiosamente, estamos quase a completar nove séculos como país independente. Para um Estado falhado e uma nação com os terríveis vícios descritos por esta gente, até que “não nos safámos nada mal”. Mas adiante. Vamos ao que interessa.

1) O sistema partidário português está, de certa forma, esgotado. Aconteceu algo muito semelhante no período final do rotativismo monárquico e na I República. As diferenças ideológicas esbateram-se de tal forma que a diferença não estava na latitude ideológica dos partidos de governo, mas apenas entre ter, ou não, responsabilidades governativas. Neste contexto, a vida política fulanizou-se – a alternativa deixou de ser ideológica e passou a centrar-se nos indivíduos – e os grandes partidos desintegraram-se em facções internas e externas. O que fazer então? Já vimos o resultado da refundação do sistema político italiano. O sucedâneo tem todos os vícios do original e nenhuma das suas qualidades. Defendo a federação do espaço político do centro-direita português numa coligação permanente a partir da base partidária inicial da AD (PSD, CDS e PPM). A esquerda deve reorganizar-se, nos mesmos moldes. Dessa forma, substituiríamos um sistema baseado num centro ideológico indiferenciado – na minha perspectiva não existem, actualmente e no contexto especificamente português, diferenças reais entre o socialismo democrático e a social-democracia – em dois blocos federados de centro-esquerda e centro-direita. Qual é a diferença deste modelo em relação ao rotativismo tradicional? Registo duas diferenças. A primeira está no modelo federal de cada conjunto ideológico. Estas organizações federais estariam preparadas para evitar ou atenuar os malefícios das estruturas políticas monolíticas e atenuariam o espírito de facção (a sua diversidade e elasticidade interna absorveriam e racionalizariam as diferenças). A segunda vantagem estaria no facto de se poder oferecer ao eleitorado duas alternativas de governo, com latitudes ideológicas bastante diferentes (em vez do actual modelo de centro ou centro, passaria a existir uma alternativa visível entre a direita e a esquerda moderadas). Em que é que isto se relaciona com o aumento do interesse pela política? Na minha perspectiva, esta é uma medida essencial para possibilitar o regresso da ideologia à política portuguesa e de, em simultâneo, a tornar mais inteligível e racional para o eleitor.

2) As outras medidas que refiro aqui são menos ambiciosas, mas igualmente necessárias:

a) Os partidos devem utilizar, de facto, todo o potencial da blogosfera democrática. Muito poucos têm hoje paciência ou condições para assistir a intermináveis e enfadonhas reuniões partidárias. Devem criar-se plataformas globais de discussão entre os milhares de simpatizantes de cada partido. Os programas eleitorais devem ser realizados on-line, com sistemas de votação credíveis. O enquadramento final das propostas deve ser realizado no contexto de pareceres técnicos específicos e de toda a informação disponível na internet (com a necessária coerência ideológica e unidade de projecto);

b) O trabalho de cada dirigente partidário, autarca ou deputado deve ser, de forma permanentemente, disponibilizado on-line para poder ser escrutinado pelos eleitores (para estes poderem verificar a sua produtividade e coerência com o programa eleitoral);

c) A limitação de mandatos dos políticos deve expandir-se aos Parlamentos e aos órgãos partidários, para permitir o rejuvenescimento da classe política e tornar a política aliciante para os jovens políticos (hoje sistematicamente tapados - sempre pelos mesmos - ou obrigados a uma longa ascensão que começa nas juventudes partidárias);

d) O sistema de incompatibilidades deve ser expandido de forma a garantir a máxima isenção dos políticos (o período de “nojo” para quem exerceu funções governativas deve ser regulamentado). Deve abolir-se todo o género de regalias provenientes do exercício de um cargo político (é um serviço cívico e não uma forma de ascensão financeira ou social). O político que viole o seu programa eleitoral – o contrato com o eleitor – deve ser impedido, pelos estatutos internos de cada partido, de voltar a candidatar-se ao mesmo cargo, num período razoável (as possíveis excepções não devem basear-se no desconhecimento da situação, facto que indicia uma deficiente preparação para as funções para as quais se candidatou);

e) Todos os alunos portugueses – e não apenas algumas turmas, como sucede actualmente – devem observar, ao longo do ano, sessões dos órgãos autárquicos e dos Parlamentos;

f) Os políticos e governantes devem ser convidados – de forma pluralista – a participar, ao longo do ano, em algumas aulas;

g) As associações de estudantes devem ser reactivadas e dotadas de capacidade orçamental para colaborarem em acções cívicas (prevenção da toxicodependência, da criminalidade, da xenofobia, apoio aos mais desfavorecidos, etc.);

Vou terminar este post que deve estar ilegível para grande parte dos internautas (é horrivelmente longo e chato). No entanto, se continuasse a responder-lhe em fracções nunca mais terminava a resposta às suas questões. Devo dizer-lhe que temos mais umas dezenas de iniciativas, desta natureza, pensadas para o programa eleitoral. A ideia ficou, no entanto, sofrivelmente descrita. Penso que pode ser este, em parte, o caminho.