quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Jornal Diário Insular: Ligações às ilhas de coesão podem custar mais de 200 euros

"As passagens aéreas entre as ilhas de menor dimensão na Região, as chamadas ilhas da coesão, podem ter um custo superior a 200 euros. A esse valor acrescem, muitas vezes, custos com alojamento e alimentação quando não há ligações no mesmo dia.
A denúncia foi feita ontem, no parlamento açoriano, pelo deputado da representação parlamentar do PPM. Paulo Estêvão, que questionava o Governo Regional exatamente sobre o custo do transporte aéreo de passageiros com destino às ilhas de coesão, exemplificou apresentando os valores de uma passagem entre o Corvo e a Graciosa, que teve um preço de 277 euros.
"Como não há ligação direta ou no próprio dia, a este preço é preciso acrescentar ainda a dormida e a alimentação. Isto é incomportável. Não é esta uma Região justa; a comunicação entre as ilhas mais pequenas fica impossibilitada na prática. Esta situação tem de ser resolvida, não podemos olhar só para as ligações das grandes ilhas ou das grandes para as mais pequenas; as mais pequenas também têm de comunicar umas com as outras e não podem ser esmagadas com estes preços", referiu.
João Bruto da Costa, parlamentar social-democrata, por seu turno, considerou que esse não era só um problema das ilhas de coesão, mas de todo o arquipélago. Os valores das tarifas aéreas nos Açores, referiu, estão a atrapalhar a mobilidade e o desenvolvimento de todos na Região.
Depois de uma simulação no site da SATA, o deputado diz ter encontrado as passagens mais baratas nas ligações entre a Graciosa e São Jorge (cerca de 109 euros). Já entre Ponta Delgada e Horta, o valor chegou aos 145 euros e entre Corvo e Terceira aos 207 euros. Todos os valores são para residentes.
"O desenvolvimento dos Açores não se pode fazer sem mobilidade entre os açorianos e não pode haver mobilidade quando se autoriza que se pratiquem estes preços. Mais ainda, o dinheiro que se inscreve no Orçamento Regional para viagens interilhas foi reduzido, este ano, para 19 milhões - quando nos últimos anos foi de 21 milhões - ou seja, metade do que se vai gastar em 2014 com rendas das PPP (parcerias público-privadas), 36 milhões", adiantou.
Em resposta, o secretário regional do Turismo e dos Transportes, Vítor Fraga, sublinhou que o transporte aéreo não é barato, menos ainda num arquipélago com nove ilhas. 
De acordo com o responsável, o trabalho que está a ser feito ao nível da revisão das obrigações de serviço público no transporte aéreo pretende, também reduzir as tarifas. Ainda, adiantou, é preciso perceber os fluxos de tráfego e, assim, adequar a oferta à procura.
"Não se trata de dar prioridade, mas sim de ter fatores que beneficiem um maior número de pessoas. No âmbito da revisão das obrigações de serviço público pretendemos atenuar a situação e garantir a conectividade entre todas as ilhas da Região para evitar a pernoita numa terceira ilha. Qualquer que seja a solução que se implemente, será sempre condicionada aos meios disponíveis e às restrições operacionais de tráfego aéreo", avançou.
Artur Lima, líder da bancada parlamentar do CDS-PP/Açores, criticou a posição assumida pelo Governo Regional, lamentando que o conceito de serviço público nos Açores seja misturado com conceitos de mercado.
O deputado recordou ainda que a rota Ponta Delgada/Funchal é mais dispendiosa para os habitantes das restantes ilhas e acusou o Executivo de estar a receber subsídios sem estar a cumprir com as suas obrigações. "Um corvino, um florentino, um graciosense, um jorgense, querendo ir ao Funchal, gasta 50% mais do que um habitante de São Miguel. Isso não é aceitável numa rota serviço público. Os senhores não estão a cumprir com as obrigações de serviço público e recebem muitos subsídios para isso", afirmou.
Vítor Fraga respondeu que adequar as obrigações de serviço público à Região é uma obrigação para não que não se esbanjem "dinheiros públicos por capricho de criar rotas e circuitos sem viabilidade económica"."
In jornal Diário Insular